Broke Side - Cap 24

24

Durante um tempo o médico fez exames certificando-se de que a menina parecia muito bem pediu que os enfermeiros encaminhassem Lia para o quarto. Finalmente saindo do CTI Carol e Fernando foram embora quando já ia anoitecer, com o passar das horas Diana foi se soltando mais e quando Lia adormeceu também foi embora, pela manhã cedinho acordou para ir ao hospital era a primeira da fila e quando entrou no quarto da menina ainda estava no último sono, tranquila e calma a dormir. Sentou-se para não incomodá-la e esperou que despertasse, nessa espera acabou dormindo na cadeira desconfortável mesmo.
Quando Lia acordou logo deparou se com a face angelical da menina toda encolhida na cadeira do quarto do hospital, havia tido sonhos com a tal menina que estava dormindo. Elas estavam em um lugar lindo e tinham uma noite estupenda, lembrava de todos os detalhes, as palavras trocas, carinhos, atitudes...

“Se isso foi uma lembrança então tem muita coisa que eu preciso saber sobre essa Diana e acho que a Carol pode me ajudar. Ela sabe de tudo da minha vida, vai saber me responder isto.”

Ficou olhando para o teto sem coragem para levantar, mas feliz por estar realmente acordada e não naquele estado de semi-realidade na qual vivia a meses. Era revitalizante saber que estava viva, só que esse branco incomodava muito, pensava em suas origens e se lembrava de momentos com a mãe e de quando moravam com seu pai que agora estava fora do país no Canadá e dela e Carol brincando quando pequenas na pracinha da cidade chegando ambas tão sujas quanto um cachorrinho de rua que rolou na lama. Era tudo que vinha em sua cabeça e agora aquela noite com a menina da voz bonita, que era muito perfeita.
Dih acorda aos poucos e fica observando Lia perdida em seus pensamentos. Quando percebe que a menina já tinha acordado Lia vira o rosto na direção dela com um sorriso bobo.

_ Boa surpresa essa, não vem aqui tão cedo há tempos.
_ Que bom que gosta.
_ Vem aqui me ajuda a sentar, tem algum pente na sua mochila?
_ Sempre Lia, por que? (rindo)
_ Queria que penteasse meus cabelos estou toda bagunçada e aqui não tem nenhum espelho. (Dih olha estranhando, mas faz a vontade dela)
_ Obrigada viu?
_ Sem problemas... Lembrou de mais alguma coisa? (pergunta receosa)
_ Você quis perguntar se eu lembrei de você não é? (ri sentando-se na cama) Sinto muito nada me vem á cabeça.
_ Ah, que pena.
_ Isso é estranho sabe? Não ter sentimentos por nada, não ter noção de onde vim e como cheguei nesse ponto da minha vida.
_ Eu tenho certeza que logo você lembrará de tudo e poderemos seguir nossas vidas juntas. (Diz animada)
_ Juntas? (pergunta meio assustada)
_ Er... Sim, juntas como amigas. Fazer a faculdade no mesmo local novamente e rir, fazer compras, conhecer pessoas novas.
_ Quando você vai me apresentar seu namorado?
_ O que? (olha assustada)
_ O Adam ele é seu namorado não é? Lembro de ouvir-la falando com ele.
_ Lia não seja exagerada ele é apenas um amigo.
_ Tanto faz! Então pega o pente ai Diana, quer dar umas voltas lá no jardim do hospital?
_ (levanta indo até a bolsa pegar o pente e senta ao lado da menina arrumando seus cabelos) É estranho ver você tão preocupada com a aparência.
_ Muito estranho? Porque?
_ Ué, normalmente não seria assim.
_ É impossível isso, não tem nenhum chinelo decente para eu usar? (diz meio revoltada ao levantar e não encontrar nada além de um chinelo branco já encardido de tão usado) Isso está nojento.
_ Lia é seu! (sem conseguir se segurar começa a rir descontroladamente)
_ Idiota, para de rir da minha cara. Tira seu chinelo e troca comigo, quero sair desse quarto.
_ Espera o médico chegar que eu pergunto a ele se pode.
_ Até parece que eu vou pedir permissão para alguma coisa vamos logo! Me dá seu chinelo.

Saiu puxando Diana que estava descalça corredor afora. Elas se esconderam atrás da mesa da recepcionista quando viram as enfermeiras entre elas a mãe de Dih passando para um dos quartos.

_ Devolve o meu chinelo Liana. (sussurra)
_ Nem sonhando, vem logo.
_ Aiii! (sendo arrastada porta afora)

Elas chegando no jardim foram andando na direção do lago que ficava na entrada do hospital e sentaram embaixo de uma árvore.

_ Isso aqui é lindo eu nunca tinha parado.
_ Aham, mas nem havia pensado em parar e ver a paisagem contigo desacordada. (puxa seu chinelo de volta dos pés de lia) Obrigada espertinha...
_ Sacanagem! (ri encostando na arvore) Queria ver a Carol ela é bem engraçada.
_ E minha presença não faz falta? (olha zangada)
_ Eu não quis dizer isso, deixa de ser dramática.
_ Isso foi desnecessário Lia.
_ Ih deixa de ser chata garota. (rindo)
_ (faz bico olhando para o lado, essa atitude era tão “não lia” sabe?) Isso me magoa.
_ (rindo) Foda-se! Para de palhaçada menina.

Diana olha assustada e sem reação dando uma risada sem graça.